
★ Campeão 1985/1987 ★
A Saga do Bicampeão: A Glória Forjada na Garra de Vilmar Felipe da Silva
O ano era 1985. A arena de Barretos fervia em uma mistura de poeira, suor e expectativa. No lombo de um touro Estrelo invictoso, um jovem peão chamado Vilmar Felipe da Silva não se agarrava apenas com as mãos, mas com a alma. Para a multidão, foram oito segundos de pura adrenalina. Para Vilmar, foi uma vida inteira de sonhos, sacrifícios e orações condensada naquele instante. Quando o sino soou, e ele desceu à areia com a agilidade de um campeão, um silêncio tenso foi rompido por um rugido ensurdecedor. A placa com a nota final se ergueu, e as lágrimas de Vilmar lavaram a poeira do rosto, consagrando-o campeão de Barretos. A sensação era indescritível: a recompensa por cada noite mal dormida, por cada dor sentida.

Dois anos depois, em 1987, a pressão era monumental. Ele não era mais um desafiante, mas o campeão a ser batido. No entanto, a chama em seus olhos ardia ainda mais forte. Com uma performance que beirou a perfeição, ele repetiu o feito em cima do touro Xaxin. A arena, mais uma vez, veio abaixo. O público não apenas aplaudia, mas cantava seu nome em um coro de êxtase. Vilmar Felipe da Silva era bicampeão de Barretos. A segunda vitória era a confirmação divina de que seu lugar era no topo, um testemunho de um talento e uma resiliência inigualáveis.
Contudo, a estrada para a glória foi pavimentada com desafios que testariam a fé de qualquer homem. As dificuldades financeiras eram uma sombra constante; o dinheiro, escasso, mal cobria o essencial, e muitas vezes a fome foi sua companheira. As lesões, inevitáveis em um esporte tão brutal, deixaram marcas profundas: ossos quebrados, músculos rompidos e dores lancinantes que sussurravam a palavra “desista” em seus ouvidos. A cada queda, a batalha não era só física, mas mental. A pressão de competir, especialmente após o primeiro título, era um fardo pesado, um lembrete constante da expectativa que repousava sobre seus ombros.
Foi exatamente nesses momentos de adversidade que sua essência se revelou. Sua coragem não residia apenas em montar um animal selvagem, mas em enfrentar o dia a dia com um sorriso, mesmo quando tudo parecia perdido. Sua fé inabalável era o alicerce que o guiava, nutrindo a crença de que seu destino era maior que suas circunstâncias. E sua determinação foi a força motriz que o manteve firme. Ele treinava incansavelmente, recuperava-se com teimosia e jamais desistia de aprimorar sua técnica.
Nessa jornada, uma figura foi crucial: Esnar Donizeti Ribeiro Luz. Mais do que um mentor, Esnar foi um anjo da guarda. Com seu olhar experiente, ele enxergou em Vilmar não apenas um peão, mas um campeão em potencial. Ele ofereceu conselhos técnicos valiosos, lapidando sua montaria, mas seu apoio foi muito além. Esnar foi um amigo que ofereceu suporte financeiro quando necessário e, acima de tudo, a pessoa que acreditou em Vilmar quando muitos duvidavam. A gratidão de Vilmar por Esnar Ribeiro é profunda e eterna, um reconhecimento de que, sem aquela mão estendida, a história poderia ter sido muito diferente.
A trajetória de Vilmar Felipe da Silva é um testamento vivo de que sonhos, por mais distantes que pareçam, são alcançáveis com paixão, sacrifício e uma fé que não se abala. Ele nos ensina que obstáculos não são barreiras, mas degraus para o crescimento, e que as cicatrizes são as testemunhas de nossas maiores batalhas vencidas. Que a garra de Vilmar inspire cada um de nós a perseguir nossos próprios “oito segundos”, a lutar por aquilo em que acreditamos e a nunca, jamais, parar de sonhar.
Títulos em Barretos:
- Bicampeão da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (1985 e 1987): Seus feitos mais emblemáticos. Vencer o maior rodeio da América Latina por duas vezes o coloca em um seleto e restrito grupo de lendas do esporte.
- Títulos de Campeão: Cada um dos seus mais de 200 títulos, incluindo os de Barretos, representa o prêmio máximo por sua performance individual superior em cada evento.