Em 1999, saiu do anonimato após vencer na arena mais famosa da América Latina: Barretos.

Quando Neyliowan pisou na arena de Barretos em 1999, o ar estava carregado de expectativa. Ele não era apenas um competidor; era um guerreiro no campo de batalha. Cada montaria era uma declaração. Cada segundo sobre o touro era um passo em direção à redenção. E na noite final, a consagração veio. O apito soou, e o rugido da multidão confirmou: Neyliowan Mulinari Tomazeli era o grande campeão de Barretos de 1999, montando o touro “Cancun”. A fivela em seu cinto não era apenas um troféu; era o símbolo de sua vitória sobre a dor, sobre a dúvida e sobre o próprio destino.

Após a conquista do título em Barretos, viajou para os Estados Unidos. Como era de se esperar, já no primeiro rodeio, também ganhou.  Neyliowan só não disputou a final mundial porque não participou de todas as etapas. Contudo, na terra do ‘tio Sam’ ele levou muitos prêmios e dinheiro. Mas como a vida nos Estados Unidos era bem difícil e o frio o ‘cortava ao meio’, resolveu voltar e competir só no Brasil.

A arena era seu santuário, e os touros, seus maiores desafios. E entre todos eles, reinava uma força mítica, uma lenda viva chamada Touro Bandido. Enfrentá-lo era o teste supremo, e Neyliowan não apenas o enfrentou, mas foi um dos atletas que mais vezes cruzou o caminho dessa fera, em uma saga de duelos que parava o Brasil.

Contudo, foi em um desses confrontos em Jaguariuna em 2001 que o destino lhe impôs seu maior desafio. Uma queda. Um impacto violento e brutal que o silenciou. O diagnóstico foi devastador, afastando-o das competições por longos e dolorosos nove meses. Para muitos, seria o fim da linha, uma aposentadoria forçada pela dor e pelo trauma. Mas para Neyliowan, foi o início de sua mais profunda jornada de fé. No silêncio da recuperação, ele não curou apenas o corpo; ele fortaleceu o espírito, visualizando incansavelmente seu retorno, alimentado por uma crença inabalável de que seu capítulo final ainda não havia sido escrito.

E ele voltou …

Neyliowan e Bandido voltaram a se enfrentar no rodeio de Barretos em 2003. Desta vez ele permaneceu 5s2 em cima do animal. “Lembro que amarrei a mão e até brinquei para não apertar muito o sedém. Pedi para abrir a porteira e ele deu um pulo muito difícil e caiu. Deu tempo de pensar ‘será que ele vai me jogar de novo para cima?’ Mas, graças a Deus, o Salva-Vidas me ajudou a sair. Lembro que falei para o dono dele que eu montaria ele de novo na sequência se pudesse”.

A arena era pequena demais para a lenda de Neyliowan. Sua história de superação e seu carisma genuíno o levaram para além do esporte, culminando em sua marcante participação na novela “América”, da Rede Globo. Ali, ele não interpretou um personagem; ele foi ele mesmo, levando a autenticidade, a honra e a alma do peão de rodeio para milhões de lares brasileiros, tornando-se um verdadeiro embaixador da cultura sertaneja.

A trajetória de Neyliowan é um lembrete poderoso de que os verdadeiros campeões não são aqueles que nunca caem, mas aqueles que encontram a força para se levantar, mais fortes e mais determinados. Que sua história inspire a todos nós a encarar nossos próprios “touros bandidos” — os desafios que a vida nos impõe — com a mesma coragem inabalável, a mesma fé profunda e a mesma paixão ardente. Pois, como Neyliowan nos ensinou, é na superação que encontramos nossa maior glória.

Cada encontro era uma batalha épica, uma prova de fogo que solidificava a reputação de Neyliowan como um dos peões mais valentes de sua geração